Melhorando a nossa Imunidade
No outono e inverno combatendo gripes e resfriados, no verão dengue e diarreias, na primavera catapora e outras viroses. Não é fácil para nosso corpo evitar a guerra, sendo que as batalhas são muitas e estamos sempre expostos a tudo. Agora com todo arsenal terapêutico que dispomos, nos tornamos descuidados e nem nos preocupamos de tomar as medidas preventivas. Mas, depois, ao ficarmos doentes, bate aquele arrependimento e vem aquela promessa de que vamos nos cuidar para nunca mais termos aquela doença. Mas, coisas ruins nosso cérebro procura esquecer o quanto antes, e nos tornamos relapsos mais uma vez.
Os nossos cuidados têm que serem constantes, um hábito adquirido, que no início requer esforços, mas depois tudo vem automaticamente, ou melhor, naturalmente. A capacidade do organismo de resistir às agressões dos vírus, fungos, bactérias e substâncias tóxicas é chamada de imunidade.
A imunidade depende: do nosso sistema imunológico, dos microorganismos que vivem no nosso corpo, os do bem, os probióticos e de nós.
Sistema Imunológico:
O funcionamento dele começa de forma simples, e a medida que o invasor consegue ultrapassar as barreiras, o sistema vai ficando mais complexo, aprimorado e específico. Acredito que termos um pouco de noção das etapas mais simples já nos ajuda a nos defendermos melhor. E quando chegarmos na parte complexa vou simplificar, indo direto a forma de como devemos proceder. Quando um agressor chega ao nosso corpo ele se depara com barreiras que se opõem à sua entrada.
Barreiras Físicas e Mecânicas:
A pele com suas células mortas, queratinizadas e firmemente aderidas. Neste nível nossos cuidados já devem começar com ações de cuidado e manutenção, como proteção solar, esfoliação, hidratação local e hidratação oral.
A produção de muco pela cavidade nasal, trato respiratório, aparelho digestório e vagina são barreiras mecânicas. Pois o muco é pegajoso dificultando a mobilidade dos microrganismos e também se adere aos mesmos, o que facilita sua expulsão através do espirro, da tosse ou do movimento dos nossos cílios na árvore respiratória. É bom sabermos que a produção de muco no estômago é inibida pelo uso de medicamentos antiinflamatórios, o cigarro inibe o movimento dos cílios no trato respiratório, a idade diminui o reflexo da tosse e a menopausa diminui o muco vaginal.
As barreiras nos nossos olhos são a córnea, a lagrima, os cílios e o reflexo de piscar. Ainda temos: a cera no ouvido, os vômitos e o peristaltismo (movimento do nosso tubo digestivo).
Barreiras Químicas e Fisiológicas:
Criam um ambiente inóspito para o agente invasor, dificultando seu crescimento e multiplicação.
A presença de ácidos graxos no suor, o baixo pH, impedem a colonização de bactérias e de alguns fungos. Pare um pouco para pensar na sua produção de suor, se você tem odores fortes ou alguma micose na pele e que tipo de desodorante usa.
A mucosa oral com sua produção de saliva que possui enzimas que destroem a membrana do invasor. Aqui o consumo de água é uma grande ajuda, bem como, deixar o consumo de medicamentos que secam nossa boca para situações em que seu uso é importante e bem indicado por um médico.
No muco nasal e na lágrima também temos substâncias químicas que cooperam com nossa proteção.
O suco gástrico possui um pH muito ácido, impedindo a proliferação e a passagem de microrganismos para outros locais. Imagine como fica a defesa da pessoa que está tomando omeprazol para proteger seu estômago do anti-inflamatório que está fazendo uso? Pois o omeprazol diminui a acidez e o anti-inflamatório acaba com o muco. Medicamentos têm que ter indicação e tempo correto de uso.
Barreiras Celulares:
Existem células que fagocitam (engolem, envolvem) células envelhecidas, células com defeito, substâncias tóxicas, partículas e seres que nos causam doenças. Após fazerem isso, produzem substâncias para digerí-los, se for o caso, e depois acabam por eliminá-los.
Barreira Inflamatória:
Envolve componentes vasculares, celulares e várias substâncias. A finalidade desse processo é remover o estímulo que induziu a resposta e iniciar a recuperação do local.
Barreira Microbiológica:
Nossas velhas companheiras de guerra! Que exercem várias funções no nosso organismo, e entre estas funções está a defesa do nosso território, este, das nossas células e das bactérias probióticas. Localizadas na pele, nas vias nasais, boca, no nosso trato gastrointestinal e trato urogenital.
Os probióticos agem inibindo a multiplicação dos promotores de doença, promovem a formação de uma resposta mais rápida do sistema imune a agentes infecciosos, equilibram o tamanho da resposta imune (isso com níveis adequados de vitamina A e D), fortalecem a barreira mucosa, impedindo a aderência dos microrganismos.
Um microorganismo, seja ele do bem ou do mal, não se multiplica em um ambiente inóspito. Aonde lhe jogam ácidos e outras substâncias para lhe enfraquecerem e destruírem, um local onde o pH e a temperatura não sejam bons para ele e cujo moradores não sejam hospitaleiros. E cabe a nós fornecer todos os substratos para que mantenhamos esse ambiente desfavorável ao crescimento do inimigo. Atualmente, não estamos consumindo os substratos fundamentais suficientemente, que vêm de uma ingestão mínima de frutas, legumes, verduras, cereais integrais e leguminosas. Existe uma disputa acirrada pela sobrevivência em nosso corpo e somos os principais patrocinadores do time do bem.
Neste posto é bom refletirmos quanto ao uso indiscriminado de antibióticos e antifúngicos, que eliminam bactérias e fungos de quaisquer dos times.
Em muitos casos, os microorganismos e substâncias estranhas que invadem nosso corpo são combatidos e eliminados pelas barreiras acima descritas. Mas se o microorganismo é mais resistente e potente ou está em grande quantidade e ultrapassa todas essas barreiras, entra em ação a parte mais complexa e especializada do nosso sistema imune, que leva 7 dias para ficar pronta e que conta com a participação de umas células chamadas linfócitos. Os linfócitos combatem microrganismos resistentes e mantém essa proteção por vários anos ou para o resto da vida, pois possuem memória.
Toda a nossa imunidade, desde as barreiras mais simples, até as células mais especializadas (linfócitos) dependem do que ingerimos, desde comida, tipo de água ou outros líquidos, até medicamentos.
Então, aquela máxima de alimentação saudável, é válida também para não contrairmos doenças contagiosas. Pois mantendo todas nossas reações químicas funcionando com o aporte adequado de nutrientes facilitamos a ação do nosso sistema de defesa, bem como, a formação das células imunológicas. Se nos alimentarmos inadequadamente, reduzimos a capacidade do nosso corpo de equilibrar e controlar as respostas de defesa aos agressores. Podemos ter uma resposta agressiva demais (o que produz muitas toxinas, o que nos agridem também) ou respondermos de menos (deixando um microorganismo entrar em nós).
As vitaminas e os minerais são necessários para a formação, renovação e manutenção de todas nossas células de defesa. Bem como para outras funções que levam a um estado de saúde e equilíbrio. Algumas vitaminas, minerais e substâncias apresentam um maior destaque no quesito imunidade, exercendo ação direta na nossa capacidade de defesa, são eles: zinco, vitamina A, selênio, glutamina, vitamina C, Vitamina D, piridoxina (vitamina B6), magnésio e ferro.
Podemos consumir alimentos ricos destes nutrientes, de uma forma geral, mas para um fornecimento adequado com intuito de deixar nossa imunidade perfeita, necessitamos de avaliações individualizadas e especializadas para se ver em que ponto estamos falhando na manutenção do sistema imune, se só a dieta é suficiente ou se existe a necessidade de suplementação. Por exemplo, idosos, portadores de doenças crônicas e usuários de medicamentos não absorvem bem os nutrientes da dieta e muitas vezes até precisam de uma forma diferenciada de dose e de administração (sublingual, transdérmica, ou injetável). Em um outro exemplo, posso dizer que para nós brasileiros a suplementação de magnésio é imperativa, pois nosso solo é naturalmente pobre deste mineral. Mas, a dose e o tipo de magnésio a ser prescrito é diferente para cada pessoa, pois além de melhorar nossa imunidade e o magnésio tem outras funções e podemos usá-lo focando em uma ou em várias das suas funções. Existem várias formas de magnésio no mercado, e cada uma atua melhor num sintoma ou doença.
Bom, resumindo, se houver necessidade de suplementação, cada vitamina e mineral deve ser prescrito de acordo com a individualidade da pessoa. Não devemos nos esquecer de sempre estarmos bem hidratados, e não consumirmos os líquidos durante as refeições, pois dissolvem nosso suco gástrico, que é uma das nossas barreiras de proteção.
Vários produtos que hoje em dia consumimos, não só medicamentos, desequilibram e matam nossa flora bacteriana. Entre eles estão os agrotóxicos e antibióticos usados para cultura e conservação de frutas e verduras por mais tempo, antibióticos que ingerimos por tabela nos alimentos de origem animal, conservantes, corantes, metais tóxicos, xenobióticos. Pessoas que nasceram por cesariana, indivíduos que não foram amamentados têm alteração na sua flora. Qualquer pessoa que vive no mundo moderno necessita suplementar de forma constante os probióticos para a manutenção de uma boa imunidade. E existe um mínimo necessário a ser suplementado para que obtenhamos êxito nessa parte. Um bom probiótico, tem que ter pelo menos 5 bilhões de unidades formadoras de colônia, e deve -se sempre seguir as instruções de conservação fornecidas pelo fabricante.
Acho que a esta altura do campeonato você já deve ter percebido que não é fácil se proteger. Então, chegar no médico e pedir um remédio para aumentar nossa imunidade, não é tão simples, requer uma consulta detalhada aonde se faz uma revisão de todos os medicamentos que estão sendo consumidos, idade, hábitos de vida, alimentos, doenças. Sair com uma receita de um único medicamento milagroso ou tomar vitaminas e outras substâncias de que ouvimos falar que melhoram a nossa imunidade, seria ser simplista demais e isto não funciona, como todos temos observado com uma certa frequência.
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